Continuação "Espiritualidade do Jovem Salesiano"
• A vida, lugar onde se faz experiência de Deus. Dom Bosco era uma
pessoa prática, gostava das coisas concretas. Isso se refletia também em sua
maneira de se relacionar com Deus. Para ele, o lugar de se experimentar Deus é
na vida do dia-a-dia. De Madre Mazzarello afirmava a sua amiga Petronilla:
“Maria não só pensava continuamente em Deus, mas vivia a sua presença e, mais
ainda, vivia amorosamente unida a Ele. Trabalhando em casa, andando pelas
estradas, atendendo ativamente aos trabalhos dos vinhedos, o seu pensamento
perdia-se em Deus”. Dizia Madre Mazzarello: “A verdade piedade consiste em
cumprir todos os nossos deveres a tempo e lugar e só por amor de Deus”. Essa
espiritualidade nos ajuda também a viver e enfrentar os momentos difíceis: a
cruz é também caminho de ressurreição; não significa acomodação.
• A oração salesiana. A espiritualidade sustenta-se na oração. Dom
Bosco rezava sempre: tudo o que vivia, tudo o que fazia pelos jovens, era
expressão de seu intenso amor por Deus e pelos jovens; era a oração do
cotidiano. Madre Mazzarello dizia: “Falem muito com o Senhor. Carregando cal ou
costurando, trabalhando na vinha ou brincando no pátio, era importante estar na
escuta do Senhor”. Quando falamos da oração do cotidiano, de perceber Deus na
vida, não queremos diminuir a intensidade da oração. Ao contrário, os momentos
explícitos são importantes e necessários, mas não podem ser somente esses.
• Somos gente de festa. A festa, a alegria, são características
típicas da espiritualidade salesiana. Não uma alegria vazia, mas que brota de
quem está contente com a vida porque sabe que ela, por mais dificuldades que
apresente, é um dom de Deus. Alegria que nasce como expressão espontânea
daquele que se sente amado e é capaz de amar, reflexo de quem se sente
constantemente querido por Deus.
• A vida como vocação. Ninguém foi criado por acaso. Deus nos quis e
nos chamou pessoalmente à vida; nos criou para a vida. Somos chamados a ser
co-criadores com o Senhor; chamados a ser geradores de vida; chamados a lutar
contra tudo aquilo que representa ameaça à vida. Nos acontecimentos e sinais do
dia-a-dia, nas urgências e necessidades que se nos apresentam, vamos percebendo
as oportunidades concretas de resposta. O que não podemos é nos fechar em nós
mesmos. Queremos dignidade e plenitude de vida não apenas para nós, mas para
todos.
• Acolhida do outro. A acolhida não é uma questão de palavras. É um
clima que se sente, um estado de espírito que é percebido além do que se diz. É
capaz de acolher quem percebe o outro como valor. É capaz de acolher quem não é
auto-suficiente. Só é capaz de acolher quem é capaz de amar. Dom Bosco
expressava a acolhida no que ele chamava de “clima de família”, um ambiente
marcado pela descontração, pela espontaneidade (o que não pode ser confundido
com ausência de normas ou regras). Existe clima de família quando as pessoas
sentem-se bem, sentem-se em casa.
• Comunhão eclesial. A comunhão com a Igreja em todos os níveis –
mundial, diocesana, paroquial – é característica da espiritualidade salesiana.
• Amor a Maria. A vida nos mostra que somos repletos de incertezas,
de dúvidas, de medos. Nessas horas, desejamos e buscamos a mão de alguém que
nos ampare, conforte, dê segurança. Essa experiência ajudou a espiritualidade
salesiana a redescobrir Maria e a relançar o grande amor a Maria que a Família
Salesiana herdou de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Aprendemos a reconhecê-la
como Auxiliadora: vivemos momentos de transformações e incertezas e Maria nos
indica o caminho a percorrer e nos infunde esperança. Maria é Auxiliadora
porque nos mostra o rosto de uma cristã realizada e comprometida. Maria é
mulher fiel até à cruz, como pede Jesus a quem tem coragem de compartilhar sua
causa.
• Cidadania evangélica. Deus está a nos esperar para um encontro com
Ele nas situações concretas da vida dos jovens. Somos chamados a estar
presentes significativamente na comunidade humana organizada, colaborando com a
ação salvífica de Deus. Somos chamados a nos inserirmos em diferentes ambientes
culturais, educativos, políticos: a participação nessas realidades é exigência
da própria espiritualidade salesiana, que acredita que Deus se manifesta e
salva a todos nós, servindo-se também de nossas ações e de nosso empenho.
Texto: Pe. Marcos Sérgio, SDB
(marcossergio.bsp@salesianos.com.br)
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