CUIDADO! CONTÉM REVELAÇÕES DO ENREDO.
Caso você ainda não tenha lido o livro, leia a resenha SEM spoiler.
Durante a leitura de Divergente, além de ser perceptível a
diferença entre o bem e o mal, podem ser notadas várias cenas que nos ajudam a
chegar à interpretação do livro sob o ponto de vista cristão:
- O pai da Tris
faz uma oração de agradecimento a Deus antes das refeições, e ela cita que nem
todas as famílias da Abnegação são religiosas, mas seu pai a aconselha a não
ver essas diferenças para não causar divisões dentro da facção. [capítulo 4]
- Na cena da
captura à bandeira, a Tris deixa a Cristina pegar a bandeira por mais que seja
ela quem tenha encontrado. Ela deixa a amiga ficar com o mérito e engole o
ciúme, ou qualquer sentimento que ela tenha tido pela Cristina ter pegado a
bandeira, porque ela não quer ser como o Eric, que inveja a força das outras
pessoas. [capítulo 12]
- Quando a Tris
bate na Molly, ela quer descontar a sua raiva pelo o que a Molly, o Peter e o
Drew fizeram, por eles terem puxado a tolha quando ela saiu do banho e visto a
parte de trás do seu corpo nu, e caçoado dela. O Quatro a para e mesmo assim
ela não se arrepende de ter batido na Molly. Mas quando o Eric a parabeniza por
isso, ela sente o peso da culpa. Ela não quer ser cruel como o Eric. “Se Eric pensa que eu fiz alguma coisa
certa, é porque eu fiz errado.” [capítulos
14 e 15]
- A Natalie faz
algo que quebra o lema imposto pelo sistema de facções: “faction before blood” (facção antes do sangue). Segundo a regra
imposta ao iniciando, a família deve ser esquecida e a facção deve ocupar o seu
lugar. A Natalie diz que não importa se a filha (Tris) mudou de facção, ela vai
continuar protegendo-a. É como se ela dissesse: “sangue/família antes da
facção”. [capítulo15]
- Na parede do
quarto do Quatro estão pintadas as palavras: “Fear God Alone” (Tema a Deus, apenas). [capítulo 22]
- No capítulo 26,
o Quatro diz: "Eu tenho uma teoria que altruísmo e coragem não são tão
diferentes assim."; uma visível relação com: "Ninguém tem maior amor
do que aquele que dá a vida por seus amigos." (João 15, 13)
- A Jeanine deixa
uma pergunta vaga sobre o porquê da maioria dos Divergentes serem da Abnegação
e tementes a Deus. Ela considera isso uma fraqueza e ausência de vontade
própria, em seguida o Quatro a contraria, dizendo que precisa ser muito forte
para resistir e manipular as simulações. [capítulo 34]
- Quando a Tris é
levada para o tanque de água para morrer afogada, ela está baleada e apavorada,
então ela começa a pensar que não quer morrer como uma covarde. Respira fundo e
se acalma. Com isso ela começa a relacionar a água do tanque com a água do
batismo, de quando a mãe dela a "deu para Deus". Ela assume que fazia
algum tempo que não pensava em Deus, mas nesse momento ela pensa Nele e se
sente feliz por não ter matado o Eric. [capítulo 35]
- A Tris precisa
enfrentar vários soldados da Audácia e está com medo, ela pergunta ao seu pai o
que deve fazer, ele responde: “Go, and
God help you.” (Vá, e que Deus te ajude.). [capítulo 37]
- Como na
paisagem do medo, a Tris prefere morrer a matar alguém que ela ama, ela não
mata o Quatro quando ele está sendo controlado pela simulação e tenta mata-la.
Ela ainda cita o poder que há no autossacrifício. [capítulo 38]
- Quando o Quatro
vai matar a Tris, ela pensa sobre como seria a morte e espera ter sido perdoada
por tudo de errado que ela tenha feito. O que faz parecer como se ela estivesse
pensando no que há após a morte e espera ir para o Céu. [capítulo 38]
- O Tobias
acredita que é orgulho classificar uma virtude como principal e desprezar as
outras, ele pensa que as virtudes funcionam quando estão em conjunto, ele quer
ser bom e não apenas se encaixar. Isso pode ser observado em vários capítulos.
[explicitamente no capítulo 31]
- Na Audácia,
muitas vezes a coragem não é usada para o bem e sim como imposição do controle
pelo medo, e principalmente em favor do auto engrandecimento, o que novamente é
parte do orgulho. Em “Free Four - Tobias
tells the Divergent story”, que é um tipo de spin off do capítulo 13 de Divergente, narrado pelo Quatro, ele
admite que é isso o que ele mais detesta na facção. Ele até pediu para que o
arremesso de facas fosse retirado do treinamento de iniciação, já que é usado
somente para impressionar, mas seu pedido foi negado.
- Tobias é um
nome de origem bíblica que em hebraico quer dizer “agradável a Deus”. Mesmo sem
querer, sempre relacionei o Tobias de Divergente com o Tobias da Bíblia,
principalmente quando Tobit, pai de Tobias, o aconselha a seguir uma vida
justa: “Nunca permitas que o orgulho
domine o teu espírito ou as tuas palavras, porque ele é a origem de todo mal.”
(Tobias 4, 14). O Quatro poderia ter sido um Cinco, poderia ter tido mais de
quatro medos se a Veronica Roth quisesse, mas repare de qual livro e capítulo
da Bíblia foi tirado o trecho anterior e reflita se a frase não se encaixa com
a personalidade do Quatro. Claro que ele não é perfeito, penso que ele
demonstra isso quando fica bêbado [no capítulo 19] e ele ainda não conseguiu
perdoar o seu pai, não consegue superar a mágoa.
- O livro encerra
com a Tris indo buscar refúgio na sede da Amizade e dizendo que não quer ser
apenas altruísta e corajosa, que ela quer ser mais do que isso. Dá para
perceber uma mescla de virtudes, parece que ela não quer se limitar a uma única
facção, o que nos lembra da mesma coisa que o Quatro disse (já comentado
antes). [capítulo 39]
Não é possível citar todas as cenas, são muitas e quanto
mais vezes se lê o livro mais se repara nelas.
Com base nessas cenas e em outras, pode-se observar no mínimo os seguintes temas cristãos:
- As facções e a relação com o fruto do Espírito Santo, citado em Gálatas 5, 22-23a;
- Família, a mãe da Tris deixa bem claro o lema "sangue (família) antes de facção", quando visita-a na Audácia;
- Sacrifício dos pais da Tris;
- Natureza humana, que se não tiver Deus como centro padece ao caos (Romanos 3, 9-12). Na tentativa de corrigir os motivos das guerras é que foram formadas as facções, as quais se mostram falhas por se basearem apenas no homem;
- Todos devem saber a qual lugar pertencer, qual é seu propósito de vida, devem descobrir para que vieram ao mundo.
O sentido de ser Divergente vai além de não poder ser controlado pelo soro das simulações. Ser Divergente é não se submeter à vontade humana inclinada para o mal. E para não se corromper por aquilo que é mau, é preciso ter muita força de vontade própria e uma conduta virtuosa, como foi citado explicitamente na cena do diálogo entre a Jeanine e o Quatro no capítulo 34. Um Divergente age contra tudo o que destrói a vida e protege a parte mais humana do que é ser humano, a parte que o leva a Deus.
Com base nessas cenas e em outras, pode-se observar no mínimo os seguintes temas cristãos:
- As facções e a relação com o fruto do Espírito Santo, citado em Gálatas 5, 22-23a;
- Família, a mãe da Tris deixa bem claro o lema "sangue (família) antes de facção", quando visita-a na Audácia;
- Sacrifício dos pais da Tris;
- Natureza humana, que se não tiver Deus como centro padece ao caos (Romanos 3, 9-12). Na tentativa de corrigir os motivos das guerras é que foram formadas as facções, as quais se mostram falhas por se basearem apenas no homem;
- Todos devem saber a qual lugar pertencer, qual é seu propósito de vida, devem descobrir para que vieram ao mundo.
O sentido de ser Divergente vai além de não poder ser controlado pelo soro das simulações. Ser Divergente é não se submeter à vontade humana inclinada para o mal. E para não se corromper por aquilo que é mau, é preciso ter muita força de vontade própria e uma conduta virtuosa, como foi citado explicitamente na cena do diálogo entre a Jeanine e o Quatro no capítulo 34. Um Divergente age contra tudo o que destrói a vida e protege a parte mais humana do que é ser humano, a parte que o leva a Deus.
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