domingo, 21 de dezembro de 2014

Por um recomeço [des]conectado

Escrito ao som de Tudo Posso, Celina Borges

A tecnologia corre em altíssima velocidade. Muitas vezes temos tentado alcançá-la. As possibilidades aumentam e aos poucos fica evidente uma comparação entre a vida real e a "vida digital" e suas interações sociais. Aumentam os casos em que a ilusão de ter uma vida digital satisfatória gera complicações irreversíveis. É prudente parar por um instante para refletir.

A vida não acontece como um registro de URLs de um navegador: lá o histórico de sites acessados pode ser facilmente deletado. Nem tampouco como em games clássicos, no exemplo de Chrono Trigger (SNES, 1995): lá pode-se fazer escolhas diversas e tentar todas as opções tranquilamente porque há 13 formas de terminar sua jornada.

Aqui temos uma situação diferente. Há apenas um Press Start, e não há reset. Recebemos gratuitamente uma chance: única e maravilhosa.

É hora de fazer um update. Até poderia ser naquele aplicativo que recebeu a atualização tão aguardada, ou naquele smartphone high-end que teve o Sistema Operacional atualizado depois de tanta promessa da fabricante. Felizmente não. Agora a grande e mais importante atualização é no seu coração: uma nova versão está disponível, e há uma notificação que aparecerá mesmo que você tenha bloqueado sua lockscreen com um código alfanumérico.

Logo cedo o Sol ativou uma notificação em LED para te lembrar que, se há vida no mundo, é porque você foi amado a tal ponto que vive em adequadas condições naturais que te garantem saúde e disposição.

Em meio à velocidade da rotina talvez nem houve tempo para notar que você foi tão incrivelmente pensado que nem mesmo 42 megapixels com estabilização de imagem em uma lente Carl Zeiss seriam capazes de reproduzir tão fielmente as maravilhas do mundo, da forma como você admira a olho nu. Nem se visto em uma TV Oled 4k de 62 polegadas. Nenhum recurso tecnológico seria capaz de se aproximar do que você consegue vivenciar natural e gratuitamente.

Na indústria high-tech muito se fala sobre a velocidade das redes Wi-fi e LTE (4G). Adentremos outro mérito. Tais conexões nunca alcançariam a velocidade e segurança da verdadeira conexão que nos plenifica: a Oração. Nosso Servidor jamais sofre lag ou quedas de link. Não é preciso PIN ou número de IP. Nos bastaria apenas um coração disposto a sincronizar nossa vontade à d'Ele.

Chegamos a mais um final de ano e a proposta do Blog Lance de Santidade é simples: desconectar. Isso não significa simplesmente desligar o smartphone como se ele não existisse. A tecnologia deve estar a nosso favor. É preciso saber usá-la para que ela não nos use, mas a sobrecarga que temos recebido pode nos incapacitar de amar.

Tirar uma selfie com a família ao redor da mesa na véspera de Natal (para postar em uma rede social, porque senão não faria sentido, certo?) é muito divertido e acolhedor, mas é preciso amar. Temos aproveitado as oportunidades que Deus nos dá com as pessoas que amamos? A tecnologia tem nos impedido de amar sem amarras? Talvez um abraço verdadeiro seja muito mais lembrado que uma foto com pessoas marcadas e fixada na timeline. Uma palavra dita com sinceridade pode valer muito mais que um like.

É preciso recomeçar. Te convido a aceitar este desafio. Nossa meta não é reconhecimento ou méritos transitórios: nosso coração deseja o Céu. A aspiração à santidade nos moverá. Como num PC, em que grandes atualizações do Sistema Operacional são instaladas ao reiniciar: seja esta a vez em que nosso coração aceitará começar de novo. Livre. Para conseguir usar com sabedoria os recursos de nossa época sem nunca deixar de amar verdadeiramente

2 comentários:

  1. O pessoal realmente passou dos limites, ultimamente tão parecendo zumbis. Eu odeio conversar com alguém que não desgruda o olho do smartphone, fora os mais sem noção ainda, que nem se dão o trabalho de tirar os fones do ouvido pra conversar com a gente.

    Confesso que no começo eu realmente me empolguei kkkk... mas hoje em dia tô bem curado, tanto que dependendo do local, faço questão de deixar meus gadgets em casa e não sinto falta alguma deles.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É bem por aí, Leonardo: realmente muita gente acaba "vegetando" quando encontra seres humanos lado a lado, na ilusão de estar "conectado" a muitas outras online. Dá esse desconforto que você citou. É preciso estar atento. Sua ideia de não levar gadgets em certas ocasiões é ótima, e no fim das contas notamos que não precisamos deles efetivamente a qualquer momento. Criamos muitas das dependências que temos hoje.

      Muito obrigado pelo comentário e por acompanhar! Teremos muitas outras reflexões pela frente. :D

      Excluir

imagem
2010 - 2014 • Lance de Santidade | Desenvolvido por Carlos e Fellipe.