Escrito ao som de Tudo Posso, Celina Borges
A tecnologia corre em altíssima velocidade. Muitas vezes temos tentado alcançá-la. As possibilidades aumentam e aos poucos fica evidente uma comparação entre a vida real e a "vida digital" e suas interações sociais. Aumentam os casos em que a ilusão de ter uma vida digital satisfatória gera complicações irreversíveis. É prudente parar por um instante para refletir.
A vida não acontece como um registro de URLs de um navegador: lá o histórico de sites acessados pode ser facilmente deletado. Nem tampouco como em games clássicos, no exemplo de Chrono Trigger (SNES, 1995): lá pode-se fazer escolhas diversas e tentar todas as opções tranquilamente porque há 13 formas de terminar sua jornada.
Aqui temos uma situação diferente. Há apenas um Press Start, e não há reset. Recebemos gratuitamente uma chance: única e maravilhosa.
É hora de fazer um update. Até poderia ser naquele aplicativo que recebeu a atualização tão aguardada, ou naquele smartphone high-end que teve o Sistema Operacional atualizado depois de tanta promessa da fabricante. Felizmente não. Agora a grande e mais importante atualização é no seu coração: uma nova versão está disponível, e há uma notificação que aparecerá mesmo que você tenha bloqueado sua lockscreen com um código alfanumérico.
Logo cedo o Sol ativou uma notificação em LED para te lembrar que, se há vida no mundo, é porque você foi amado a tal ponto que vive em adequadas condições naturais que te garantem saúde e disposição.
Em meio à velocidade da rotina talvez nem houve tempo para notar que você foi tão incrivelmente pensado que nem mesmo 42 megapixels com estabilização de imagem em uma lente Carl Zeiss seriam capazes de reproduzir tão fielmente as maravilhas do mundo, da forma como você admira a olho nu. Nem se visto em uma TV Oled 4k de 62 polegadas. Nenhum recurso tecnológico seria capaz de se aproximar do que você consegue vivenciar natural e gratuitamente.
Na indústria high-tech muito se fala sobre a velocidade das redes Wi-fi e LTE (4G). Adentremos outro mérito. Tais conexões nunca alcançariam a velocidade e segurança da verdadeira conexão que nos plenifica: a Oração. Nosso Servidor jamais sofre lag ou quedas de link. Não é preciso PIN ou número de IP. Nos bastaria apenas um coração disposto a sincronizar nossa vontade à d'Ele.
Chegamos a mais um final de ano e a proposta do Blog Lance de Santidade é simples: desconectar. Isso não significa simplesmente desligar o smartphone como se ele não existisse. A tecnologia deve estar a nosso favor. É preciso saber usá-la para que ela não nos use, mas a sobrecarga que temos recebido pode nos incapacitar de amar.
Tirar uma selfie com a família ao redor da mesa na véspera de Natal (para postar em uma rede social, porque senão não faria sentido, certo?) é muito divertido e acolhedor, mas é preciso amar. Temos aproveitado as oportunidades que Deus nos dá com as pessoas que amamos? A tecnologia tem nos impedido de amar sem amarras? Talvez um abraço verdadeiro seja muito mais lembrado que uma foto com pessoas marcadas e fixada na timeline. Uma palavra dita com sinceridade pode valer muito mais que um like.
É preciso recomeçar. Te convido a aceitar este desafio. Nossa meta não é reconhecimento ou méritos transitórios: nosso coração deseja o Céu. A aspiração à santidade nos moverá. Como num PC, em que grandes atualizações do Sistema Operacional são instaladas ao reiniciar: seja esta a vez em que nosso coração aceitará começar de novo. Livre. Para conseguir usar com sabedoria os recursos de nossa época sem nunca deixar de amar verdadeiramente.
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Entrevista com Josefa Alves, autora de Teshuvá - O retorno de Lisa.
Josefa
Alves é membro da Comunidade Católica Shalom, estudou na Faculdade de Teologia
de Lugano, na Suíça, e atualmente mora em Aquiraz, no Ceará. Ela é autora do
livro de ficção "Teshuvá - O retorno
de Lisa", lançado mês passado pela editora Shalom. Através das
demonstrações nas redes sociais, tem ficado claro que o romance está sendo
muito bem recebido pelos jovens católicos, o que revela uma grande necessidade
de mais escritores de ficção católica para atender a esse público. Contentes
pelo lançamento do livro, conversamos com a escritora para saber mais sobre a
sua obra.
Blog Lance de Santidade (LdS): Josefa, por que você decidiu escrever
"Teshuvá - O retorno de Lisa"?
Josefa Alves: Após a primeira inspiração, levei ainda bastante tempo
para decidir escrever Teshuvá, mas um fator determinante, além da certeza de
que era vontade de Deus foi a possibilidade de oferecer algo novo aos jovens,
visto que existem poucas obras cristãs publicadas neste estilo.
LdS: E qual é a relação entre
o significado da palavra "teshuvá" e a estória do livro?
Josefa: É uma relação direta. Porque Teshuvá significa, ao mesmo tempo,
conversão, arrependimento e retorno: este é o processo no qual Lisa é inserida.LdS: Dizem que toda ficção tem um pouco de realidade, por se basear em experiências vividas pelo autor. De onde você tirou a ideia para a escolha do tema?
LdS: Qual foi a maior dificuldade que você teve que enfrentar para escrever o livro?
Josefa Alves, autora do livro. |
LdS: Além da dificuldade com o tempo, você provavelmente já teve que enfrentar bloqueios criativos na hora de escrever, o que você faz quando isso acontece?
LdS: Quais autores inspiram você?
LdS: Talvez você tenha muitos, mas poderia nos dizer um de seus livros preferidos, o qual você recomenda a leitura?
LdS: Você escreveu o livro tendo em mente um público alvo?
LdS: Para você, o que é ficção católica?
LdS: Para finalizar, qual é o seu conselho para jovens católicos que desejam escrever um livro?
Esperamos
que essa entrevista tenha te inspirado a ler o livro, aproveite e leia o
primeiro capítulo, ou assista o teaser abaixo:
O livro está disponível para venda online no site das Edições Shalom.
Entrevista por: Larissa de Santi.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
A felicidade está aqui!
Não
sei se você já experimentou isso, mas dá uma vontade de gritaaaaar! É uma
explosão no interior, algo que a gente quase não consegue explicar. Uma força
vital que brota lá do mais intrínseco do nosso ser: a alegria de ser de Deus!
Você certamente já viveu muita coisa
nessa vida, fez muitas escolhas que resultaram em alegrias e tristezas, é ou
não é? No que tange as suas alegrias, elas permaneceram, ou foram só
passageiras? Te digo uma certeza: quem escolhe por Deus, escolhe melhor, pois
escolhe o que não passa! Nosso desejo profundo é de ser feliz! Nós somos
sedentos de uma felicidade eterna, algo que vai além de nós mesmos, por isso
explode, transborda todo nosso ser. Erramos por querer saciar nossa sede em
lugares, coisas e pessoas quando na verdade, o que nos faz plenamente felizes é
o próprio Deus.
Mas de onde
provem essa alegria que transborda da nossa felicidade?
“A
alegria é uma marca daqueles que tiveram uma experiência com o Ressuscitado que
passou pela cruz, pois é um dos frutos da ressurreição”. ¹
A felicidade verdadeira é fruto daquele encontro com
Cristo que nos fez romper com o pecado e escolher por Ele. É fruto da dor que
encontrou sentido no mistério da Cruz de Cristo, de quem descobriu a
misericórdia, o Amor Perfeito, o Bem Maior! Deus é a nossa alegria.
Porém, você já percebeu que tem muitos cristãos vivendo
de cara fechada? Sem graça, sem sal, apagadinhos... Papa Francisco disse que
alguns até andam com cara de morcego, rs! É bom deixar claro por isso, qual a importância
de ser feliz pra um cristão:
“Jesus, com a sua Ressurreição nos dá a
alegria: a alegria de ser cristãos; a alegria de segui-lo de perto; a alegria
de caminhar nas estradas das Bem-aventuranças; a alegria de estar com Ele”.²
Ser
alegre é ser bem-aventurado! São João Bosco e São Filipe Néri diriam a nós que
é um dos elementos fundamentais para ser santo. Repito: é um transbordar do
nosso encontro com Deus, se nos encontramos com o Senhor, a alegria é certa!
Diante
de tudo isso lhe digo: não tenha medo de ser alegre, alegre em Deus. “Peçamos
ao Senhor a graça de não ter medo da alegria”,² porque:
“Deus deseja que nós nos decidamos
pela nossa felicidade, aqui já na Terra, optando livremente por Deus, amando-O
acima de tudo, fazendo o bem e evitando o mal com todas as forças”. ³
Curte aí o som da Ana Gabriela, revelando a experiência de quem teve um encontro pessoal com a verdadeira alegria!
Abração,
Fellipe Leal.
Fontes:
¹ Trecho do livro “João
Batista: Profeta do Amor Esponsal”, Edições Shalom.
³ YOUCAT, nº 285 “O que
é a eterna bem-aventurança?”.
sábado, 24 de maio de 2014
Dos Santos #16
Ó Maria, Virgem poderosa, grande e ilustre defensora da Igreja, auxílio maravilhoso dos cristãos, terrível como exército ordenado em batalha, vós, que destruístes a heresia em todo o mundo, nas nossas angústias, nas nossas lutas, nas nossas aflições, defendei-nos do inimigo e, na hora da morte, acolhei a nossa alma no paraíso. Assim seja. (São João Bosco).¹
_______________________________
¹ CASTRO, Maísa. Orações de Poder III. 56. ed. Campinas: Raboni, 1998.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Como dominar os impulsos sexuais?
Controlar os impulsos não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível
Novelas, músicas, propagandas, outdoors, um passeio no shopping… Cenas, fatos, situações e momentos que, muitas vezes, estão recheados de um estímulo “mega-power-sexappeal”, ou seja, estímulo sexual para todos os gostos! Somos provocados a ver sexo em tudo!
Sobreviver a esse cenário torna-se, de fato, uma “odisséia no espaço”, uma “guerra nas estrelas”, pois parece que, a todo momento, somos chamados a uma espécie de sombra do mal, a nos transformarmos de Anakin para Darth Vader! Oh, meu Deus, como controlar tantos impulsos sexuais se, a todo momento, somos estimulados a colocá-los para fora?
Alguns passos para sobrevivermos a este cenário tão louco.
Primeiro passo: controlar e não dominar
Não gosto muito da palavra “dominar”, soa como algo ruim, que precisa ser contido, reprimido, e não creio que Deus seja tão injusto a ponto de colocar, dentro de nós, os impulsos sexuais e exigir de nós a repressão deles. Também não acredito que Ele nos peça para os dominar como se fossem uma “força do mal” a ser exorcizada.
Prefiro a palavra “controle”, ou seja, como controlar os impulsos sexuais? Controle é o mecanismo pelo qual medimos o resultado de um processo comparando-o a um valor desejado. Então, controlar os impulsos sexuais é ser capaz de viver os desejos, as vontades a partir do valor que temos e do valor que damos ao outro. Quando partimos da relação de valor, conseguimos controlar os impulsos e, assim, dar a eles um destino mais pleno e prazeroso.
Segundo passo: canalizar os desejos
Somos homens e mulheres com desejos. Os impulsos sexuais não estão em nós como algo desconexo, mas dizem de nossa identidade. Vou além: eles dizem de nossa identidade de filhos de Deus.
O Senhor nos criou homens e mulheres. Não tem essa de “Deus, tire de mim os desejos sexuais!”. Não! Sinto muito lhe dizer, mas Ele não os tirará! Eles estão aí para serem canalizados. São os desejos que levam um homem a se encontrar com uma mulher, são impulsos, forças que nos levam a viver uma relação. O que precisamos pedir é: “Deus, ajude-nos a canalizar esses desejos sexuais para uma vida mais plena e saudável. Ensine-nos canalizar o que sentimos, baseando-nos no valor que temos e possuímos”. Se temos bem claro, na cabeça e no coração, que somos chamados a viver um amor total, fiel, livre e fecundo, daremos conta de canalizar nossos impulsos para relações totais, fiéis, livres e fecundas. Quando vier o impulso sexual, de querer o outro para nós, podemos, nessa hora, usar essa força para termos o outro dentro de nós, como alguém que merece nosso amor, nosso valor!
Diante de uma linda mulher, que chame sua atenção – sexualmente falando – você pode:
a) olhar, desejar e trazer para sua mente como uma possibilidade de tocar, manipular e obter prazer! Ou;
b) olhar, apreciar e trazer para sua mente como uma realidade de amar, valorizar e promover.
Você escolhe (a) ou (b), ou seja, ao ver uma mulher muito bonita, você teve o impulso sexual, a atração, o desejo por ela, mas, nessa hora, escolhendo a alternativa (b), canalizou esse impulso e o enobreceu, não o reprimindo. Deu a ele um lugar de nobreza! Sabe aquela passagem da Bíblia que diz: “É do coração humano que saem coisas boas e ruins?” Então, você vê e, no coração, dá destino ao impulso que surgiu! Escolha (a) ou (b).
Terceiro passo: Conhecer a força da força!
Todos temos impulsos sexuais. Isso é inerente ao nosso ser! Mas precisamos conhecer esses impulsos, saber a força deles, ou seja, saber quando surgem, quando é mais ou menos intenso, o que faz dentro de nós, o que fazer quando eles vêm. Conhecê-los é a melhor maneira de controlá-los, e identificá-los é o jeito de melhor encontrar um destino para eles. As pessoas perdem essa batalha quanto querem lutar contra algo que não conhecem. Não se trata de uma luta contra algo do mal, mas sim para integrar isso que faz parte de você. É uma luta para juntar: impulso sexual+valor+amor+Deus. Por aí vai! Sem autoconhecimento não há vitória.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
“Frozen” é um filme cristão?
"Eu descobri um paradoxo: se você amar até doer, não haverá mais dor, mas somente amor" (Madre Teresa)
"Algumas pessoas merecem que a gente se derreta" (Olaf, o boneco de neve)
O que nos leva a gostar de um filme?
Eu acho que, sempre que assistimos a um filme, nós avaliamos o quanto ele representa algum aspecto da realidade. Espectadores diferentes se concentram, naturalmente, em aspectos diferentes: as feministas vão observar de que forma a mulher é retratada; os marxistas vão olhar como a economia e a história são mostradas, e assim por diante. Eu, como estudante católico de artes liberais, aos 21 anos de idade, muitas vezes me pergunto até que ponto os blockbusters de Hollywood apresentam a moral clássica judaico-cristã. E você pode imaginar a minha alegria quando entrei no cinema para ver a mais recente animação da Disney, “Frozen”, e descobri que poderia confundi-la com um texto de Karol Wojtyla, caso ele tivesse escrito histórias infantis ganhadoras do Oscar em vez de se tornar o papa João Paulo II.
Por que eu acho que esse filme é tão cristão? É simples: por causa do tipo de amor mostrado pelos personagens e por causa do tipo de amadurecimento que eles vivem. As duas personagens mais bem desenvolvidas e interessantes são as protagonistas, as princesas Anna e Elsa. Elas mostram ao espectador como a nossa compreensão do amor e da realização pessoal nos afeta. Anna tenta encontrar a felicidade nos braços de um homem que ela acabou de conhecer, enquanto Elsa vai se isolando cada vez mais ao longo do filme. No final, porém, fica claro que elas só podem achar a felicidade no amor sacrificial.
Hans e Anna se envolvem já no primeiro encontro, bem ao estilo tradicional da Disney. Mas, ao contrário de muitos dos filmes antecessores, “Frozen” mostra de duas maneiras a imprudência desse ato. A primeira é simples: retratando Hans como o vilão da história. A segunda é um pouco mais complexa: mostrando como Anna vai amadurecendo na sua compreensão do amor. O dueto de Anna e Hans, "Love is an open door” [O amor é uma porta aberta], que eles cantam pouco antes do noivado, propõe uma visão imatura e mundana do amor.
Na canção, os dois "amantes" cantam o amor como uma experiência libertadora, uma ideia que é perfeitamente cristã. Só que a liberdade que esses personagens cantam e a liberdade que os cristãos descrevem são bastante diferentes. Hans e Anna afirmam que dirão "adeus à dor do passado", porque procuram um tipo de amor sem esforço, que os liberte do sofrimento. Já para os cristãos, o desenvolvimento humano verdadeiro e o amor autêntico se concretizam na entrega e no sacrifício pessoal. Como Fulton J. Sheen escreveu, ao falar do mundo moderno, de nada adianta "tentar voltar ao Jardim do Éden sem subir a colina do Calvário". O amor é realmente libertador, mas é do pecado que ele nos liberta. Afinal, o que é o pecado, se não valorizar a si mesmo mais do que ao outro, constituindo com isto o contrário do amor?
"Algumas pessoas merecem que a gente se derreta" (Olaf, o boneco de neve)
O que nos leva a gostar de um filme?
Eu acho que, sempre que assistimos a um filme, nós avaliamos o quanto ele representa algum aspecto da realidade. Espectadores diferentes se concentram, naturalmente, em aspectos diferentes: as feministas vão observar de que forma a mulher é retratada; os marxistas vão olhar como a economia e a história são mostradas, e assim por diante. Eu, como estudante católico de artes liberais, aos 21 anos de idade, muitas vezes me pergunto até que ponto os blockbusters de Hollywood apresentam a moral clássica judaico-cristã. E você pode imaginar a minha alegria quando entrei no cinema para ver a mais recente animação da Disney, “Frozen”, e descobri que poderia confundi-la com um texto de Karol Wojtyla, caso ele tivesse escrito histórias infantis ganhadoras do Oscar em vez de se tornar o papa João Paulo II.
Por que eu acho que esse filme é tão cristão? É simples: por causa do tipo de amor mostrado pelos personagens e por causa do tipo de amadurecimento que eles vivem. As duas personagens mais bem desenvolvidas e interessantes são as protagonistas, as princesas Anna e Elsa. Elas mostram ao espectador como a nossa compreensão do amor e da realização pessoal nos afeta. Anna tenta encontrar a felicidade nos braços de um homem que ela acabou de conhecer, enquanto Elsa vai se isolando cada vez mais ao longo do filme. No final, porém, fica claro que elas só podem achar a felicidade no amor sacrificial.
Hans e Anna se envolvem já no primeiro encontro, bem ao estilo tradicional da Disney. Mas, ao contrário de muitos dos filmes antecessores, “Frozen” mostra de duas maneiras a imprudência desse ato. A primeira é simples: retratando Hans como o vilão da história. A segunda é um pouco mais complexa: mostrando como Anna vai amadurecendo na sua compreensão do amor. O dueto de Anna e Hans, "Love is an open door” [O amor é uma porta aberta], que eles cantam pouco antes do noivado, propõe uma visão imatura e mundana do amor.
Na canção, os dois "amantes" cantam o amor como uma experiência libertadora, uma ideia que é perfeitamente cristã. Só que a liberdade que esses personagens cantam e a liberdade que os cristãos descrevem são bastante diferentes. Hans e Anna afirmam que dirão "adeus à dor do passado", porque procuram um tipo de amor sem esforço, que os liberte do sofrimento. Já para os cristãos, o desenvolvimento humano verdadeiro e o amor autêntico se concretizam na entrega e no sacrifício pessoal. Como Fulton J. Sheen escreveu, ao falar do mundo moderno, de nada adianta "tentar voltar ao Jardim do Éden sem subir a colina do Calvário". O amor é realmente libertador, mas é do pecado que ele nos liberta. Afinal, o que é o pecado, se não valorizar a si mesmo mais do que ao outro, constituindo com isto o contrário do amor?